Entenda as mudanças na geopolítica do século 21

Do atentado ao World Trade Center nos Estados Unidos, em 11 de setembro de 2001, à   guerra entre Rússia e Ucrânia que começou em 2022 - passando pela pandemia de covid-19 -  foram muitas as reviravoltas na geopolítica durante as duas primeiras décadas do século 21. Todos esses acontecimentos provocaram mudanças na ordem mundial e são assuntos que podem cair no vestibular e no ENEM. 

 

As explicações para a realidade atual, porém, têm origem em fatos históricos do século passado. Para te ajudar a entender a geopolítica mundial do século 21, os professores Reginaldo e Angélica, do cursinho Prime em Londrina, resumem as principais mudanças na ordem mundial dos últimos cem anos.

O que são ordens mundiais?

O sistema internacional de estados modernos é formado por aproximadamente 200 países com  funcionamentos interdependentes e que vivem em relativa autonomia e soberania. As ordens mundiais são arranjos de poder que ocorreram ao longo da história nomeando países diferentes como potências.

A ordem mundial do imperialismo

No início do século XX, as potências mundiais eram Estados Unidos (EUA), países europeus e Japão. Eles acumularam capital ao longo dos processos de revolução industrial e isso levou ao expansionismo. A disputa por territórios motivou a Primeira Guerra Mundial. Quando este conflito terminou, em 1918, inicia-se um processo caracterizado pela reconstrução da Alemanha em resposta à humilhação que sofreu na guerra, a reconstrução dos EUA e expansão do Japão. Entre 1918 e 1939, o ambiente na Europa era de medo, incerteza e insegurança. Neste contexto, ascendem ao poder os governos extremistas, também chamados de nazi-fascistas.

Exemplos:

  • Nazismo na Alemanha

  • Fascismo na Itália

  • Expansionismo japonês 

  • Franquismo na Espanha

  • Salazarismo em Portugal 

  • Integralismo da época de Getúlio Vargas no Brasil 

Esses governos extremistas reconstruíram a Europa e, ao final da década de 30, inicia-se novo processo expansionista por Alemanha, Itália e Japão. Ocorre a 2ª Guerra Mundial, que termina com a Europa devastada, o Japão destruído e a polarização entre duas potências: Estados Unidos e União Soviética (URSS). 

Ordem bipolar ou Guerra Fria

Ao fim da segunda guerra, EUA e URSS passam a dividir o poder, que se expressa também na divisão entre oeste e leste e capitalismo e socialismo É um período marcado pela corrida aeroespacial (soviéticos lançaram o satélite Sputnik para o espaço e os EUA desenvolveram o projeto Apolo, que culminou na chegada do homem à Lua). É também a época da corrida armamentista, com investimento em armamentos nucleares intercontinentais capazes de destruir grandes territórios, o que causa muito medo de um novo conflito. As rupturas com essa ordem bipolar culminaram na queda do muro de Berlim em 1989, na abertura econômica da China e na dissolução da União Soviética em 1991.

Ordem multipolar

Com o fim da Guerra Fria, inicia-se a chamada ordem mundial multipolar, com o poder dividido entre vários países. Os Estados Unidos seguem como potência, mas abalados pela crise. Ao mesmo tempo, países europeus ascendem economicamente pelo investimento na indústria civil, como a automobilística e de produtos eletrônicos. As nações europeias passam a prezar pelo chamado estado de bem-estar social, que valoriza a qualidade de vida dos cidadãos. 

O continente assume espaço na liderança mundial com a criação da União Europeia, que em 2004 totalizou 25 países. O Japão também se reconstrói e vivemos a era da globalização. O mundo todo assiste acontecimentos importantes voltados para a defesa do meio ambiente, como a conferência Rio 92 e a assinatura do Protocolo de Kyoto. O discurso de um mundo melhor para todos traz um ambiente de alívio, com perspectiva de união - apesar de guerras terríveis na África, no Golfo Pérsico e na Bósnia.  São criados o Mercosul, o Nafta (América do Norte) e a União Europeia (derivada do Mercado Comum Europeu). No Oriente Médio, o Tratado de Oslo inicia o processo de paz entre Israel e Palestina. Bill Clinton é eleito nos EUA imbuído do objetivo de selar a paz entre os dois povos. 

A ordem começa a mudar quando, ao mesmo tempo em que o israelense Ariel Sharon (que viria a se tornar 1º Ministro) afronta os palestinos ao visitar o templo Esplanada das Mesquitas e George W. Bush é eleito nos EUA. Financiado pela indústria bélica, que depende de guerra para funcionar, Bush implanta uma política armamentista, caracterizada como Doutrina Bush. 

Na economia, a globalização resulta no neoliberalismo, uma doutrina econômica que propõe a dissociação entre estado e economia. Com o desmonte do aparelhamento do estado, a garantia de direitos básicos pelas políticas de bem-estar social diminuem, diante da privatização de serviços como previdência, saúde, educação e habitação, entre outros exemplos. A flexibilização das leis trabalhistas gera desemprego e precarização das relações de trabalho. 

E o século 21?

O século 21, no estudo de geopolítica, começa em 11 de setembro de 2001 com o ataque de terroristas da Al Qaeda ao World Trade Center em Nova Iorque. Liderados por Bin Laden, os terroristas destruíram um ícone da arquitetura estadunidense em um atentado que resultou na morte de mais de 3 mil pessoas. 

Ordem monopolar?

Após os ataques terroristas, os EUA voltam a ter um inimigo que precisa ser eliminado e o presidente George W. Bush adota o discurso do combate ao terrorismo. Volta, assim, a liderar o mundo com uma política armamentista semelhante à da época da Guerra Fria. É a ordem monopolar no setor bélico, com protagonismo principal dos Estados Unidos. Os conflitos no Oriente Médio só diminuem quando o democrata Barack Obama é eleito presidente dos EUA e retira tropas do Iraque e do Afeganistão.  

Ordem multidimensional ou unimultipolar

Obama trouxe a esperança de diálogo ao mundo, inclusive retomando o debate sobre acordos voltados à garantia de sustentabilidade. Ao mesmo tempo, países emergentes como Rússia, China, Brasil, África do Sul e Índia - os BRICS -  entram para o grupo das 20 maiores economias mundiais, o G20. 

Os conflitos no Oriente Médio incentivam eventos como a Primavera Árabe, que liberou grande fluxo de imigrantes a uma Europa desintegrada e desconfiada, sem o  aparato do estado e assustada pelos atentados terroristas. Diante do medo do desemprego - inclusive com reações xenofóbicas a imigrantes -, cria-se a base para a ascensão de governos extremistas e a história, de certa forma, começa a se repetir. Trump assume a presidência dos EUA com apoio de uma população assustada que se apega a uma nostalgia sobre comportamentos que não cabem mais no século 21. 

E hoje?

Os professores do cursinho Prime apontam um contexto de nova polarização no mundo, desta vez alavancado pela pandemia da Covid-19. Assim, os protagonistas são Estados Unidos e China, estereotipada como o fantasma comunista que já “assombrou” o mundo na época da Guerra Fria. 

Outros fatos importantes, entretanto, podem influenciar a História. Em janeiro de 2020, a saída do Reino Unido da União Europeia concretizou uma decisão tomada em plebiscito em 2016 e materializou o Brexit. Contrariando expectativas, ambos os lados sairam enfraquecidos: Reino Unido não conseguiu realizar acordos bilaterais com outros países, que seria o objetivo da mudança; e a União Européia enfrentou relativa perda de poder. 

 A geopolítica mundial passou por outra reviravolta no início de 2022 e que se estende até 2024, quando atualizamos este conteúdo, por causa da invasão da Ucrânia pela Rússia e a consequente guerra resultante do ataque. 

No dia 24 de fevereiro de 2022, a Rússia atacou a Ucrânia e iniciou o que especialistas já avaliam como a mais grave crise militar da Europa desde a Segunda Guerra Mundial.O assunto é complexo, mas nós explicamos tudo neste link.

Por fim, outro fato que merece sua atenção tem a ver com os conflitos no Oriente Médio. No dia 7 de outubro, o grupo islâmico Hamas,classificado pelos Estados Unidos e pela União Europeia como terrorista, bombardeou Israel de surpresa e causou centenas de morte.  As forças israelenses responderam com uma contraofensiva que atingiu a chamada Faixa de Gaza. Desde então, esta guerra já casou 30 mil mortes. Para saber mais, acesse aqui. 

  Por fim, outro assunto que deve estar no seu radar: a tensão geopolítica entre China e Taiwan, com possibilidade de futura invasão da China.

E você, aposta em um prognóstico para o futuro?

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