Mindfulness: atenção plena ajuda a enfrentar o desafio do vestibular

Você já ouviu falar de mindfulness? E pensou que a prática da chamada "atenção plena” pode te ajudar neste período de preparação para o vestibular? Sabemos que os vestibulandos - e em especial aqueles que buscam uma aprovação em medicina - passam por momentos de muitas cobranças e estresse. Por isso, convidamos a instrutora de mindfulness Erika Zanon para falar sobre o que é mindfulness e como essa prática pode ajudar na sua rotina de estudos.

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Entenda o que é mindfulness

Também chamado de atenção plena, o mindfulness relaciona-se a um estado de atenciosidade que implica estar atento e conectado ao que acontece com a gente no momento presente. Este convite para observar apenas  o agora deve ocorrer sem julgamentos ou críticas, apenas notando o que se passa com você ou no seu entorno. 

Erika explica que o estado de atenciosidade é natural do ser humano:

 “Nós nascemos com essa capacidade de estar presentes e conectados, mas vivemos em um mundo com muitas informações de todos os lados - um mundo frenético - e com isso a nossa mente fica dispersa, acabamos nos desconectando dessa capacidade inata de estar presente ao que acontece. Recuperar essa habilidade não é tão simples, pois somos expostos a muitas distrações e, quando percebemos, não conseguimos prestar mais atenção com tanta naturalidade. Por isso, a prática de mindfulness exige treino.”

Quem está estudando para o vestibular conhece bem essa sensação, né? Basta uma olhadinha para o celular ou uma simples notificação das redes sociais para que nossa concentração seja levada para outros interesses.

“É muito comum a nossa mente se dispersar quando estamos executando alguma tarefa. É comum voltar ao passado ou ficar com muitas expectativas em relação ao futuro, sempre com julgamentos e críticas nos pensamentos, o que pode aumentar a ansiedade com o futuro, ou ficar deprimido por coisas que aconteceram e que a gente fica ruminando."

Ela cita pesquisas que comprovam essa realidade. De acordo com estudos na área, em 50% do período em que estamos acordados, nossa mente passa o tempo ruminando o que aconteceu no passado ou cheio de expectativas com coisas que possam vir a ocorrer. Quem aí nunca parou para pensar: “ah, se eu tivesse estudado mais no terceirão ….” ou então “o que vai acontecer comigo se eu não passar no vestibular?”. 

Pois saiba que tantos pensamentos sobre o que já aconteceu ou sobre o que está por vir vão te levar a um estado de uma mente cansada, dispersa, que não se conecta ao que estamos fazendo no momento. 

 

Por que vale a pena praticar mindfulness?

Praticar mindfulness pode ajudar a se concentrar no que é importante. E, para evitar confusão, Erika reforça mais uma vez que a capacidade de manter a mente no presente é uma potencialidade humana. Não tem nada a ver com religião ou cultura. É uma técnica secular e comprovada cientificamente. 

“É o desenvolvimento de consciência. Se estou mais atento e presente, tenho mais consciência do que está acontecendo comigo e no meu entorno, tenho mais clareza e isso me traz maior capacidade de lidar com desafios do cotidiano. Posso responder melhor, ser mais assertiva e tomar melhores decisões, sem reagir de forma automática.”

E no cursinho, como o mindfulness pode ajudar?

Em geral, o mindfulness contribui para o nosso bem-estar e qualidade de vida, trazendo benefícios como: 

  • Redução do estresse.
  • Diminuição da ansiedade.
  • Ajuda a desenvolver habilidades emocionais para  esse momento especial das provas.
  • Aumento do foco, da produtividade e da criatividade, uma vez que estamos mais presentes e atentos ao que fazemos no momento.
  • Melhora nos relacionamentos pessoais.
  • Ajuda na qualidade do sono. 
  • Fortalecimento do sistema imunológico. 

Erika lembra que a época de provas pode gerar estresse e ansiedade,  portanto, é um período em que vale a pena tirar um tempo para a prática de mindfulness, observando o que sentimos, nosso estado emocional e o que precisamos naquele momento: dormir mais, descansar ou se alimentar melhor, entre outros exemplos.

Pode ajudar também a sermos mais auto compassivos, reduzindo autocríticas, julgamentos e comparações, olhando para  nós mesmos com mais autocompaixão, como destaca:

 “É uma oportunidade para acolher e celebrar bons momentos, como as pequenas conquistas do caminho, cultivando amor, respeito e gentileza consigo mesmo.”

Dicas para praticar mindfulness

Agora que você já entendeu o que é mindfulness, certamente ficou com vontade de experimentar. A prática, porém, exige esforço e intenção de estar atento ao momento presente. Erika exemplifica que é como ir para a academia, aprender um instrumento musical ou praticar esportes: quanto mais você pratica, melhor fica. 

A inclusão da atenção plena no dia a dia relaciona-se com práticas formais e informais. A meditação - quando separamos um momento do dia para praticar - é a prática formal. Já as práticas informais ocorrem quando incluímos no dia a dia alguns exercícios que podem nos tornar mais atentos ao que estamos fazendo.

Uma dica bem legal é introduzir pequenas pausas na rotina de estudos, no intervalo que achar mais conveniente, para abrir a mente e descansar. Você pode, por exemplo, parar para tomar uma água, um café, um suco ou chá. 

“Ao tomar a bebida observe o sabor, a temperatura e a textura do que está tomando. Sinta o cheiro, o aroma e note a sensação no corpo. Concentre-se na bebida, com curiosidade, sem julgar.”

Essa prática pode ser bastante útil para descansar o corpo e mente, permitindo voltar ao local de estudo mais revigorado. E não precisa ser uma prática longa, cinco minutos são suficientes. 

 

Breve prática da respiração

Erika ensina também uma prática de respiração para os momentos de pausa, que vai ajudar você a tomar consciência do que está sentindo, identificar sua necessidade e como atendê-la.

  • Adote uma postura ereta e alerta, no local onde você estiver, e se sentir segurança, pode fechar os olhos.
  • Aos poucos vá tomando consciência de tudo o que está presente: percebendo os pensamentos que estão presentes, notando seu estado emocional, observando as sensações no corpo.
  • Não é preciso mudar nada, apenas note, com abertura e curiosidade, o que está presente.

 

  • Aos poucos, leve a atenção para a respiração. Torne-se consciente de todas as sensações da respiração neste momento. 
  • Observe a respiração onde ela estiver mais evidente (narinas, peito ou barriga). 
  • Note cada inspiração e cada expiração. Perceba os movimentos e sensações em cada respiração. Não há a necessidade de alterar o ritmo ou a intensidade da respiração.
  • Permaneça observando a respiração por alguns instantes.

 

  • Da respiração, volte a ampliar o foco da atenção.
  • Inclua todo o corpo na experiência, notando as sensações por todo o corpo, percebendo e tomando consciência.
  • Cultive uma atitude de abertura e curiosidade a tudo o que está presente.
  • Quando se sentir pronto, pode abrir os olhos.

E bons estudos!